A gravidez é uma fase de vulnerabilidade, tanto física quanto emocional. Quando nos deparamos com o resultado positivo, somos lançadas ao desconhecido. Não só nós, futuras mães, mas também o pai que participa de todo o processo. Neste momento, a maioria das mulheres anseiam por informações sobre a gestação e a futura vida com o recém-nascido. É natural que as etapas da gravidez, mais mudanças no corpo, na casa e na vida incitem uma certa angústia nos futuros pais. Por isso, é muito importante que quem vive uma gravidez ao lado de uma gestante saiba como orientar e compreender que – para além dos cuidados médicos, uma gestante requer com mais ou menos intensidade, um apoio psicológico no pré-natal.
O que é o pré-natal psicológico?
Esta é uma prática complementar ao pré-natal convencional, aquele no qual a mulher grávida é acompanhada por um profissional de saúde a fim de verificar a saúde dela e do bebê. No Brasil, mais precisamente na rede pública de saúde, existem alguns grupos destinados a fornecer esse suporte a mulheres durante a gestação e o puerpério, mas eles ainda não estão presentes em todas as regiões do país.
Dentre as práticas de acompanhamento pré-natal, encontram-se os programas nomeados Pré-Natal Psicológico, que pretende oferecer suporte socioemocial, informativo e instrutivo às grávidas. A execução, assim como a construção deste tipo de serviço, é recente no campo da psicologia. Um número considerável de estudos emergiram junto com a ideia da importância do apoio psicológico no pré-natal.
Quem deverá prestar esse apoio psicológico no pré-natal?
Existem profissionais capacitados e especializados em prestar esse tipo de assistência. Os chamados psicólogos perinatal estudam justamente os processos deste momento da vida e ajudam as gestantes na compreensão e no enfrentamento dos múltiplos sentimentos manifestos na gravidez.
Alguns passos do trabalho deste profissional é justamente colocar abaixo as idealizações que uma gravidez remete e ajudar a gestante a compreender seu processo individual e se preparar utilizando seus próprios mecanismos para a chegada do bebê.
É certo que não são todas as regiões do país que contam com psicólogos especializados em fornecer este acompanhamento. Mas é importante ressaltar que o processo terapêutico na gravidez, assim como em todos os momentos contingentes na vida, pode ser extremamente benéfico, e vale a pena lembrar que qualquer profissional comprometido com processos terapêuticos são capazes de guiá-los.
Apesar disso, o momento da gestação é muito específico e por isso, muitas vezes, as grávidas requerem um acompanhamento condizente. Assim, a especialização neste processo é tão necessária. Além desses profissionais, existem outros tipos de especialistas que podem, em algum grau, exercerem uma função parecida.
Um exemplo são as doulas que acompanham as gestantes durante toda a gravidez, incluindo o momento do parto, e também auxiliam no início da maternagem. Apesar de não realizarem atendimentos psicológicos ou terapias, elas cuprem uma função de suporte emocional e também de levar informações pertinentes às gestantes.
Mas, afinal, o que é suporte emocional na gravidez?
É importante entender que a saúde emocional da mãe impacta diretamente na boa saúde do bebê, ainda na barriga. Isso não quer dizer que uma mulher grávida não poderá ficar triste ou chorar, pelo contrário, significa que ela deve ser acolhida em todos seus estados e, acima de tudo, ser respeitada. Atravessar essa fase com tranquilidade, significa se sentir acolhida, precisamente contar com uma rede de apoio é indispensável para o sucesso possível da maternidade. Procurar grupos ou instituições com ações voltadas ao acolhimento da mulher grávida é benéfico neste momento.
Para além dos incômodos naturais que a gravidez traz, existem situações agravadas por doenças que acometem a psique da mulher neste período, como a depressão e o pânico pós-parto. Situações como essas são muito sérias e requerem sem sombra de dúvidas, acompanhamento psicológico. Entende-se que com o acolhimento adequado ainda no período de gestação, os agravantes de comorbidades psicológicas do pós-parto podem ser evitadas ou, ao menos, abrandadas.
Por mais que pareça que a própria família é capaz de acompanhar os anseios deste período, mulheres que também estejam passando ou que já passaram pela gravidez abre outro horizontes para as gestantes. Aliás, estar entre mulheres que nos abracem neste período, já pode ser terapêutico.
É preciso que a mulher grávida se sinta confortável e disposta a seguir esse caminho junto com quem a propor a companhia. Sem julgamentos, conselhos baseados nas “experiências” ou os temidos “pitacos” e palpites, é preciso que a grávida tenha voz e que ela seja ouvida. Escutar é acolher, acolher é cuidar, ser cuidada é terapêutico!
Leia também: