A maternidade é transformação. Assim como em um ritual de passagem, a mulher vivencia mudanças significativas de ordem física, emocional e psicológica. A gestação marca o início de uma jornada e o parto anuncia um novo tempo. E com o bebê, chega também o puerpério, momento de intensas transformações físicas e psicológicas em um curto espaço de tempo. Mas você sabe quais são as fases do puerpério?
Conheça as fases do puerpério
Na literatura médica, o puerpério é conceituado como o período entre o pós-parto e até que as alterações locais e sistêmicas da mulher, provocadas pela gestação e parto, voltem às condições pré-gravídicas. Neste contexto, o puerpério se divide em: Imediato (1º ao 10º dia); Tardio (11º ao 42º dia) e Remoto (a partir do 43º dia).
Na prática, o pós-parto é vivido de maneira singular, o que nos diz que o puerpério é subjetivo e pode durar dois anos ou mais. A maneira como a mulher se relaciona com as experiências do pós-parto está diretamente atrelada às expectativas, crenças, informações, atenção, cuidado, compreensão e, principalmente, ao apoio que recebeu desde a gestação. Estes fatores lhe permitem estar mais consciente e ativa neste processo.
Este modo de olhar para tal período atravessa os estudos e profissionais preocupados com o binômio mãe/bebê, pois se acredita que o tempo para que esta relação se fortaleça e a mulher/mãe se sinta suficientemente capaz para exercer a seu modo a maternidade é também particular. A partir deste prisma, abre-se espaço para compreender esta mulher como um Ser integral, o que inclui as condições emocionais e psíquicas vivenciadas nos meses seguidos ao parto.
“O puerpério é muito mais do que aquele quadro já estabelecido e pré-concebido do pós-parto”
Para Alexandre Coimbra Amaral, Psicólogo e Terapeuta, o puerpério é muito mais do que aquele quadro já estabelecido e pré-concebido do pós-parto. Ou seja, está além do primeiro mês de acomodação à chegada do bebê e da exaustão típica ao período. Entende ainda o profissional que este também é o tempo de transição, como um movimento que se inicia internamente e floresce para outros âmbitos da vida da mulher, agora mãe. Tal reflexão possibilita supor o quão intenso é este período, marcado por descobertas e angústias diárias, uma vez que, o cotidiano e a rotina de cuidados, trazem os desafios de um mundo ainda a ser desvelado.
Para a mulher, este movimento é um mergulho em si mesma, momento em que ela possivelmente entra em contato com sua existência e seu lugar no mundo, reflete sobre sua caminhada, questiona algumas decisões e, muitas vezes, se abre para novas escolhas. Sim! É um movimento que exige muito e pode, inclusive, trazer sofrimentos consideráveis e o adoecimento psíquico, dado que há novas compreensões a serem feitas. Afinal, esta mulher agora ocupa outro lugar, o lugar de mãe.
O diálogo atua como aliado e promove oportunidades importantes. A fala direcionada ao outro é um convite para estar consigo mesma e ressignificar o tom de determinado sentimento. Assim, pronunciar o que lhe aflige, buscar grupos de mães ou um profissional, contribui para este exercício de “falar de si”, além de compartilhar e testemunhar sobre histórias tão reais quanto a sua. Para aqueles que acompanham uma mulher no puerpério, o acolhimento torna-se continente afetivo e emocional e, assim, a mãe pode se ancorar no carinho e respeito recebido.
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