Você se lembra como é ser criança? Sim? Não? Bom, eu vou te contar um segredo: não é nada fácil ser criança nos dias de hoje. É que, em nossa sociedade, nosso adultocentrismo faz com que por muitas vezes nos esqueçamos como é ser um pequeno ser humano. Aí já viu, né? A falta de paciência toma o lugar da empatia e vêm aquelas conhecidas frases: “Aqui não é lugar para criança”, “O choro do bebê atrapalha”, “Criança é barulhenta”, como justificativas para espaços em que crianças nem sempre são bem-vindas (é o movimento childfree que já falamos por aqui). Se contrapondo a essa intolerância e exclusão dos pequeninos – e por consequência, de suas mães e pais -, surgem movimentos como Kids, Child ou Baby Friendly, que buscam incluir os bebês e crianças em espaços e eventos.
Nossa sociedade inclui ou exclui as crianças?
Você já parou para pensar porque, em muitos casos, os pequenos detestam tanto o trabalho dos pais? Imagine só, um lugar em que a pessoa que você tanto gosta e que cuida tanto de você vai todos os dias, passa a maior parte do tempo lá e… Você não pode entrar! Essa é a percepção de qualquer criança em relação ao emprego dos pais. Um lugar de adultos, onde não são permitidos. E isso não para por aí. Muitas vezes, mesmo que não haja uma restrição oficial, as crianças também não são lá muito bem-vindas em restaurantes, bares, congressos, eventos acadêmicos, peças de teatro, cinemas, hotéis, supermercados… A lista é grande!
A proibição, mesmo que não declarada, acaba surgindo nos olhares dos adultos por ali. Afinal, bebê chora, criança fala alto, irmãos brigam, crianças correm e, às vezes, a empolgação é tanta, que eles gargalham e chegam mesmo a gritar. Por outras vezes, as coisas não saem como o esperado ou o sono chega, aí eles esperneiam. Fazem birra.
Difícil imaginar pessoas imperturbáveis observando tudo isso, né? Pois é, crianças incomodam. Incomodam porque, diferente da gente, elas ainda estão se conhecendo e aprendendo a viver socialmente. E o pior, nós não estamos mais habituados a tê-las conosco, vivendo socialmente. Da mesma forma em que elas também não se acostumaram a conviver com nós, adultos, uma vez que, geralmente, ficam restritas a espaços familiares e escolares, onde podem ser elas mesmas.
Movimento Kids, Child ou Baby Friendly
Propondo promover a interação entre os pequenos e os grandes de nossa sociedade, movimentos como o Baby Friendly surgiram. O objetivo é incluir e naturalizar a presença de bebês e crianças em cada vez mais espaços e eventos. Seja por meio de organizações das próprias mães/pais – que não querem (e não devem) deixar de frequentar espaços por estarem acompanhados de seus filhos -, ou por iniciativas públicas e privadas.
Restaurantes e bares têm incluído brinquedoteca em seus espaços. Eventos e congressos abrem as portas para mães e pais acompanhados de seus filhos. E mães se organizam para, juntas, incentivarem a ocupação de espaços com seus pequenos, a fim de naturalizar a presença de crianças nesses lugares.
Ocupa mãe, ocupa filho!
É o caso do Ocupa Mãe, movimento criado recentemente por mães de Poços de Caldas (MG). Victoria Silveira, mãe da pequena Helena de dois anos é a idealizadora do movimento. Ela conta que a ideia do Ocupa surgiu a partir da vontade de trazer os movimentos de ocupação para a sua realidade e também de uma necessidade própria. “Tive de deixar de fazer muitas coisas que fazia, até mesmo frequentar espaços artísticos, por não serem abertos para Helena, minha filha. Então, conversei com minha doula Eliza Sampaio e ela abraçou a ideia na hora. Foi ela quem conseguiu encabeçar as diretrizes que tomaríamos. Definimos que o Ocupa se daria por meio de ‘encontrões’ em locais onde as mães e os bebês não costumam ser bem-vindos”, conta Victoria.
O Ocupa Mãe também se tornou uma oportunidade de conscientizar a sociedade sobre a importância da amamentação e de sua naturalização em lugares públicos, por meio de “mamaços”. Assim, com o apoio de mais e mais mães, o movimento tomou forma, ganhou camisetas, adesivos e vem crescendo a cada dia, mostrando que todo lugar é lugar de mãe e de filho também.
E aí? O que você acha do movimento Baby Friendly? Você se sente excluída(o) de espaços por não poder levar o filho pequeno? Conte aqui para a gente!
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