Acredito que uma das nossas atividades mais desafiadoras seja gerenciar o excesso de expectativa. Criamos expectativas para tudo, para amigos, parceiros, colegas de trabalho e para situações, como uma promoção, a vida a dois, um novo bairro de moradia. Esse anseio é natural da nossa cultura, tanto que a palavra expectativa se origina do latim e significa “desejar”, “ter esperança que”, ou seja é excesso de futuro quando devíamos viver o presente, o tal mindfulness.
Como lidar com o excesso de expectativa em relação ao seu filho?
Se as expectativas aparecem em infinitos contextos, não é de se espantar que elas apareçam também na maternidade e na paternidade. Existe então solução mágica para gerenciarmos as expectativas que temos para nossos filhos? A resposta, infelizmente, é não. Mas nos conscientizarmos do processo de expectativas é, definitivamente, o primeiro passo.
Ou seja, sabemos que todo pai/mãe quer o melhor para o seu filho. No entanto, o excesso de expectativa, mesmo quando bem intencionadas, é bastante prejudicial na criação.
As crianças em formação estão definindo seus conceitos e seus valores e a cobrança excessiva, o uso de estereótipos de certo e errado e os modelos maniqueístas podem atrapalhar o senso de autoestima e tomada de decisão dos pequenos, que erroneamente, podem associar que apenas serão amados se seguirem determinado padrão.
O não cumprimento das expectativas impostas (mesmo que inconscientemente) pelos pais, causa muita dor para os filhos. E, inclusive, pode reverberar em distanciamento e omissões caso seu filho não se sinta “de acordo” com as expectativas impostas.
Entenda, seu filho não precisa ser o que você espera dele.
E tudo bem. É vital, na construção das relações, que seu filho entenda que o amor que você sente por ele é incondicional e independe de expectativas cumpridas. Assim, ele se sentirá seguro e suportado nos momentos de tropeço. Esse processo inclusive facilitará que seu pequeno se comporte com mais segurança.
Lembre-se, criação não é um plano de negócios, os resultados são diários e facilmente mutáveis. Ambos estão em construção, enquanto o filho aprende a ser filho, o pai aprende a ser pai. Nesse diálogo não existe esperado, existe troca, dia a dia, construção e muito aprendizado.
Isso não significa que você deve ser leniente na criação de seus filhos. Respeito e educação definitivamente são construídos em casa. Mas cuidado na hora de projetar o futuro ideal para o seu filho. Por mais difícil que seja, seu filho passará por perdas, dores, frustrações e decepções, o perfeccionismo passa longe da vida humana. E depois seu filho passará por uma fase de definição de gostos e atitudes pessoais que impactarão diretamente na sua formação como pessoa.
Então, vamos tentar controlar nossas angústias, e viver o hoje, cuidar da educação diária, da nossa rotina, e principalmente da relação de confiança que criamos com nossos filho, que tudo isso já é o passo ideal para criarmos bons seres humanos, com mais amor, empatia e menos resultados esperados.
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