Flip 2019: uma verdadeira intervenção urbano-literária!
Paraty recebeu neste mês o título de Patrimônio Cultural e Natural Mundial pela Unesco, reconhecimento que reforça a importância e a responsabilidade internacional em relação à preservação dessa charmosa cidade do litoral sul do Rio de Janeiro. E é nesta combinação entre centro histórico colonial e uma rica biodiversidade preservada que acontece a Festa Literária Internacional de Paraty. Sendo o maior festival literário do Brasil, a Flip é uma verdadeira intervenção urbana, que altera toda a paisagem da cidade em função da literatura e, pela quarta vez consecutiva, a Leiturinha esteve presente, vivenciando essa incrível atmosfera nos cinco dias de Flip 2019!
Em sua 17ª edição, o Festival Literário homenageou Euclides da Cunha, importante escritor brasileiro, autor de Os Sertões. Assim, entre praças, igrejas e casarões, a programação oficial da Flip trouxe mesas de debates, discussões, rodas de conversas, apresentações, exposições, saraus e até show da Adriana Calcanhoto! Além de uma programação educativa com a participação ativa das crianças locais, e de 38 casas parceiras com programação constante. A vontade é de se triplicar para conseguir participar de tudo!
Dos encontros literários pelas esquinas de Paraty
No vai e vem entre a programação, a cidade se torna um lugar de encontros nas casas, nas esquinas, nas praças, nos cafés, nos bares e restaurantes. Momentos que agregam ao trabalho da Equipe de Curadoria, pois é nesta bibliodiversidade do mercado editorial que se faz as escolhas dos melhores livros para os pequenos leitores da Leiturinha.
E foi nesse vai e vem que tivemos a alegria de encontrar diversos parceiros queridos, como as editoras do Coletivo Alice, representado pelo Zeco da Ozé Editora, ocupando um trailer às margens do rio. Teve um almoço delicioso com todo o grupo editorial da Companhia das Letras. E na Casa da Porta Amarela, mais parceiros! Encontramos por lá o pessoal da Edições Barbatana e da Pólen Livros. Também tivemos o prazer de assistir Otávio Júnior – o livreiro do Alemão -, autor do Lançamento Exclusivo Leiturinha Da Minha Janela, contando como é ser escritor e sobre a importância do incentivo à leitura nas periferias. Cristino Wapichana, autor de A Boca da Noite, outro Lançamento Exclusivo, também marcou presença no evento representando o povo indígena e falando sobre a importância de resgatarmos e preservarmos nossas raízes.
E já que estávamos à beira mar, por que não um passeio de barco? Assim, navegamos no Barco Educativo rumo à Ilha das Cobras para dentro da Biblioteca Comunitária Casa Azul, para prestigiar Gilles Eduar em sua oficina de haikai com passeio meditativo para crianças. Por lá também assistimos a autora infantil Selma Maria brincando com as palavras com a ajuda dos pequenos monitores da biblioteca. A biblioteca também recebeu apresentações de O Loráx e O Gatola da Cartola, duas obras de Dr. Seuss já enviadas pelo Clube Leiturinha!
Tendências no mundo editorial: do que se falou na Flip 2019?
Audiobooks, podcasts, e-books, autopublicação, leitores multiplataformas… Como era de se esperar, falou-se muito da tecnologia e seu papel no mercado editorial, trazendo novas formas de incentivo e acesso à leitura. Afinal, a tecnologia é uma importante aliada para desenvolver novas formas de alcançar leitores, democratizar o acesso à leitura, inovar o mercado editorial e tornar a literatura mais inclusiva.
Outro tema recorrente foi o SLAM, competições de poesias faladas que vêm ganhando cada vez mais espaço e popularidade, principalmente entre jovens, como um enorme potencial transformador em periferias e escolas, e como uma forma de ressignificar e democratizar a literatura.
Entre os dois lados do rio, a literatura se torna ponte
Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.
O Outro – Adriana Calcanhotto
No centro da cidade, o Rio Perequê-Açu divide Paraty ao meio e o fluxo pela ponte garante a possibilidade de integração entre as duas margens. Cenário muito significativo nos dias de hoje. Afinal, em um momento que se faz necessária uma escuta atenta e respeitosa do outro, a literatura se apresenta enquanto possibilidade de construção de diálogos, afetos e ponte onde, por vezes, há apenas distanciamentos, muros e desencontros. Como somos seres feitos de enredo e palavras, é no respeito da fala que aprendemos a escutar e a respeitar as diferenças. E é com esse sentimento que voltamos de Paraty. Saber que entregamos – mais do que livros – momentos de encontro e carinho por meio da literatura a mais de 150 mil famílias por cada cantinho do Brasil, reforça a nossa certeza de que estamos no caminho certo. Afinal, é na formação de leitores que se constrói um mundo melhor e mais cheio de encontros e de respeito!
Confira um pouco da nossa vivência na Flip 2019:
Próxima parada: Feira do Livro de Frankfurt! 🙂
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