Crianças desobedientes: todos nós já presenciamos alguma! Ou, pelo menos, já ouvimos de algum pai ou mãe a clássica queixa: “Meu filho não me obedece!“. Mas, afinal de contas, por que os pequenos e pequenas em algum momento começam a dar sinais de desobediência? Como os pais e mães podem lidar de forma eficiente com filhas e filhos desobedientes?
Sabemos que as crianças querem tudo aqui e agora. Sendo assim, buscam satisfazer seus desejos a todo o momento. Nós não nascemos sabendo as regras que regem nossa sociedade ou nosso lar. A habilidade social é aprendida e depende do que é considerado como um valor para cada sociedade e família.
Portanto, para desobedecer, é necessário que a criança primeiro tenha internalizado tais regras. Isso acontece por volta dos 2-3 anos de idade. Contudo, não há uma idade exata para que a criança comece a demonstrar comportamentos desobedientes. O confronto com os pais e com as regras que eles ditam já começa antes mesmo disso. E é quando melhor se pode prevenir tais atitudes.
Ensinando regras e impondo limites com afeto e amor
A prevenção de comportamentos indesejáveis, como birras, desobediência e agressividade, bem como a construção de habilidades sociais, começam quando a criança ainda é um bebê. Tudo isso por meio de uma relação de afeto, carinho e cuidado. As regras e limites só serão internalizados pelos filhos desobedientes a partir deste vínculo.
Ambientes em que a criança não recebe afeto, atenção e carinho, ou em que os adultos são muito reativos a todos os comportamentos da criança, são propícios para que ela desenvolva comportamentos indesejados.
Assim como no caso da birra, a teimosia está ligada à autoafirmação. Mas isso não significa que os pais não devam mostrar aos filhos desobedientes os devidos limites. É fundamental apresentar a eles as regras que desejam ser cumpridas. Isso dá às crianças o princípio de realidade e contribui para que elas tornem-se adultos responsáveis e mais adaptados à sociedade.
Contudo, não basta ensinar uma vez e exigir que eles cumpram tais regras. É necessário que os próprios pais e mães deem o exemplo daquilo que desejam dos filhos e filhas, e que falem a mesma língua, para não confundir o pequeno ou pequena.
Afinal, como lidar com filhas e filhos desobedientes?
Quando a criança já compreende as regras, os seus direitos e deveres, e, mesmo assim, sempre escolhe confrontá-los, seja em casa ou na escola, está na hora de dialogar com ela. Confira nossas dicas para desenvolver essa pauta de maneira construtiva:
Converse de forma calma
Ao abrir o diálogo com a criança para falar sobre o comportamento desobediente, é importante que seu pequeno ou pequena disponha de um ambiente que proporcione acolhimento. Sente-se na mesma altura da criança, converse com calma sobre o que está acontecendo e, principalmente, ouça o que ela tem a dizer.
Entenda as causas secundárias da teimosia
Muitas vezes, um comportamento de desobediência está associado a causas secundárias. Por exemplo: desejo por atenção, sentimentos com os quais a criança não está conseguindo lidar (como medo, raiva, tristeza), entre outras causas. Ao detectar algum indício, uma boa conversa pode apontar caminhos para vocês resolverem a causa real destes comportamentos, e, caso essa conversa não seja suficiente, a ajuda de um psicólogo pode ser muito útil.
Em cada fase, filhas e filhos desobedientes devem ser lidados de forma diferente
Quando os pequenos e pequenas já conseguem dialogar e negociar com os pais o que é permitido e o que não é, uma boa dica é criar combinados. É legal inclusive deixar registradas as regras que devem ser seguidas. A criança pode desenhar esses combinados e pendurá-los em seu quarto, onde sempre possa ver e se lembrar deles.
Nem excesso de braveza, nem muita brandura
Criticar filhas e filhos desobedientes o tempo todo atrapalha e faz com que eles deixem de dar a devida atenção ao que é dito. Isso cria uma tendência para que a criança vá, gradativamente, deixando de levar a sério regras e assuntos importantes. Assim, chamar a atenção torna-se algo banal e deixa de cumprir sua função coercitiva.
Além disso, querer educar com gritos e palmadas cria um ciclo de violência entre pais e filhos, pois passa a mensagem de que isso é uma solução. Por outro lado, ser negligente e não tomar nenhuma atitude frente a um mau comportamento é igualmente ruim para os filhos e passa a mensagem de que não há lei e de que os pais não se importam com eles.
Portanto, é importante ir pelo caminho do meio: esperar ficar calmo(a) para conversar, mas nunca ignorar esta conversa. Assim, é possível educar os pequenos e pequenas para se tornarem adultos mais conscientes de seus direitos e deveres, éticos e, consequentemente, mais felizes.
A literatura como apoio para filhos desobedientes compreenderem as próprias emoções
Sempre reiteramos aqui no Blog Leiturinha a potência dos livros como força transformadora. Como falamos aqui no post, muitas vezes o comportamento de filhas e filhos desobedientes possui causas secundárias – frequentemente ligadas à falta de instrumentos para compreender as próprias emoções. Por isso, que tal usar a literatura como instrumento para apresentar às crianças conceitos sobre emoções e sentimentos (tão complexos até mesmo para nós, adultos!) de forma leve e divertida desde cedo?
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O Monstro das Cores
A partir dos três anos, as crianças já se reconhecem e, a partir daí, começam a questionar o que estão sentindo. De forma lúdica e divertida, o livro O Monstro das Cores é um ótimo apoio para pequenos e pequenas compreenderem e lidarem com suas próprias emoções. Afinal, ajudar a nomear os sentimentos é uma tarefa delicada e muito necessária. É a partir disso que as crianças entendem o que causa cada tipo de sensação e já começam a prever e controlar comportamentos, cada uma à sua maneira.
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Saudade
Recomendamos o livro Saudade devido à sua forma de apresentar aos pequenos e pequenas sentimentos difíceis de se nomear ou explicar. Afinal, o que é a “saudade”? Por meio de uma reflexão filosófica e poética, a obra apresenta um pouco sobre a essência de um dos maiores poetas portugueses: Fernando Pessoa.
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