É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Esse provérbio antigo diz muito sobre a importância de dividir e somar os cuidados, responsabilidades e afetos na criação dos nossos pequenos. Por isso, para preencher a solidão que, muitas vezes, vem junto com a maternidade, as mães, ao longo do tempo, buscam redes de apoio que colaboram para uma maternagem mais equilibrada e, principalmente, compartilhada. No entanto, o que antes significava sentar na calçada e conversar com as vizinhas enquanto as crianças brincavam nas ruas, vem sendo substituído por grupos nas redes sociais e blogs sobre maternidade.
Informar e compartilhar: Os blogs de maternidade
A Era Digital reconfigurou as relações e modificou a forma como as mulheres trocam suas dúvidas, medos, inseguranças, experiências e informações sobre a criação dos filhos. “As redes sociais suprem esse papel, hoje em dia, mas ao mesmo tempo você fica mais exposta e vulnerável à falta de empatia das pessoas”, afirma Ana Luiza Masi que é mãe das pequenas Bruna (6), Clara (4) e Alice (2), e dedica seu tempo ao Blog Ana Lu Masi.
Antenada e apaixonada por redes sociais e tecnologia, Ana Luiza, que é Biomédica, pós-graduada em Engenharia Biomédica, decidiu mergulhar de cabeça na maternidade, após o nascimento das filhas. Foi então que optou por parar de trabalhar na sua área de formação e criou o blog, onde compartilha informações e experiências sobre gravidez, maternidade e família. “De uma certa forma, era uma válvula de escape, uma forma de me distrair com outra coisa além dos cuidados com a bebê e com a casa, e ainda ajudar outras pessoas com informações ‘frescas’ de uma mãe de primeira viagem”, afirma.
E, realmente, os blogs de maternidade são importantes canais de informação entre as mães, que podem se espelhar e se identificar com a experiência e informações de outras mães que já passaram pela mesma situação. Sarah Helena é psicóloga e mãe da pequena Cecília, de 1 ano e 7 meses, e para ela os blogs exercem esse papel. “Quando fiz a introdução alimentar, os blogs foram muito esclarecedores e me ajudaram a entender melhor qual o tipo de alimentação combinaria mais com nossa rotina e estilo de vida. Também me ajudaram muito nos momentos de angústia e dúvidas, como quando minha filha teve dificuldades para dormir. O interessante nestes espaços é que temos acesso a experiência de outras mães e podemos perceber que não estamos sozinhas”, afirma.
Sobre a experiência com seu blog, Ana Luiza afirma: “Busco ajudar as outras mães compartilhando meus medos, inseguranças e angústias com relação à criação das minhas filhas, e elas se identificam muito nesses momentos, mas também com informações sérias sobre parto, amamentação, e experiências diversas da vida após os filhos”.
A maternidade na era das redes sociais: os grupos de apoio às mães
Complementando a rede de apoio das mães conectadas, estão os grupos, principalmente, em Facebook e Whatsapp, utilizados para trocar informações, dúvidas e experiências entre mulheres, que podem tanto serem amigas ou colegas, quanto morarem em regiões completamente diferentes. “Para mim, o Whatsapp é uma ótima rede de apoio, pois, em tempo real, as dúvidas podem ser sanadas. Acho que as redes sociais aproximam pessoas com as mesmas demandas. Por exemplo, eu faço parte de um grupo de amamentação e, quando era gestante, um grupo de parto humanizado. Por meio deles já obtive informações valiosas e aconchego, nos muitos momentos de angústia vividos até então”, conta Sarah Helena.
Ana Luiza também concorda que grupos assim podem ser uma ótima maneira de encontrar apoio. Para ela, “o principal ponto positivo é que as pessoas podem trocar informações e se ajudar independente da distância, classe social ou crenças. Em um determinado momento, não importa se você trabalha, se é casada ou não. Sempre vai ter alguém que te compreende e vive algo parecido pra estender um ombro amigo. Outro ponto muito positivo é que a maternidade deixa de ser algo solitário, principalmente nos primeiros meses de vida do bebê, onde a mãe fica mais reclusa e se priva um pouco da vida social”.
Por outro lado, o compartilhamento de experiências nas redes sociais também pode dar abertura para críticas e questionamentos. Ao se expor, principalmente, entre pessoas desconhecidas, a pessoa tem que ter a consciência de que pode confrontar opiniões divergentes e sofrer com o “tribunal da internet”. “O principal ponto negativo é que existem muitas bandeiras levantadas na internet, e por mais que você se esforce para dar o seu melhor como mãe, muitas vezes, podem apontar o dedo nas suas falhas, e nada pior do que um desconhecido fazer isso”, desabafa Ana Luiza.
O “ser mãe” na Era Digital
Se antigamente, ser mãe significava se dedicar totalmente aos filhos e compartilhar experiências apenas com os familiares, comadres e vizinhas, hoje, as mulheres estão com suas rotinas cada vez mais atribuladas, tendo que se dividir entre carreira profissional, vida pessoal, família, sonhos e anseios. O tempo quase não dá e a internet pode ter um papel fundamental para facilitar suas vidas, com os grupos, os blogs e os aplicativos. “Acredito que sem a rede de apoio na internet e as trocas de experiências, a maternidade moderna seria mais ‘pobre’ em conhecimento e também mais solitária, já que ninguém tem o mesmo tempo de antes para sentar na calçada enquanto os filhos brincam na rua. A internet aproxima as pessoas e influencia, em muito pouco tempo, o modo de cuidar dos filhos e de si mesma”, afirma Ana Luiza. Mas, também Sarah Helena também ressalta que, “por mais que as redes sociais ajudem, a presença física de outras pessoas na educação dos filhos é indispensável e insubstituível.”.
E você? Qual sua relação com os grupos e blogs de maternidade? Onde você busca sua rede de apoio para maternar, nos dias de hoje? Compartilhe aqui com a gente suas experiências e opiniões!
Leia mais: