Pais que trabalham fora, vamos conversar?

jan 27, 2020 | Família

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O que é ser pai? 

Pergunta desafiadora e pouco falada. Fazendo uma busca no Google, percebe-se a discrepância entre a palavra “maternidade” e “paternidade”. Enquanto a primeira gera 45 milhões de resultados, a segunda apresenta 4,8 milhões. Podemos deduzir que falamos cerca de nove vezes mais sobre os desafios de ser mãe em comparação aos desafios de ser pai. Agravando o status-quo e ainda dificultando o empoderamento masculino e o acolhimento do homem nesse papel, que é tão importante.

A paternidade, com certeza, é a maior mudança na vida do homem. 

E como toda mudança, ela gera uma série de dúvidas e questionamentos. Mas, mais que as inseguranças, ela cria espaço para que esse pai se redescubra. Que passe adiante suas ideias e que encontre aquele amor incondicional, que apenas quem é pai conhece.

Trabalho e Paternidade: pais que trabalham fora, essa é para vocês!

Conversamos com três pais para entender como eles enxergam a vida e a carreira depois de ter tido um filho. Para melhor conforto de todos, os nome foram trocados para essa reportagem. Pais que trabalham fora, essa é para vocês:

O momento profissional é um fator importante nessa tomada de decisão 

Flávio conta que o momento profissional pesou para a decisão de ampliar a família. Não só financeiramente, o que trouxe uma segurança, mas o principal foi se sentir apoiado e suportado laboralmente, pela empresa e pelos colegas. 

Para Pedro, os horários exigidos pelo trabalho em agência eram um fator negativo para a criação de um filho. Para encarar a nova realidade, ele teve que se reprogramar em termos de horas, se adaptar a uma nova realidade e diminuir as demandas de trabalho noturnas e aos finais de semana.

Foco no trabalho, tempo de qualidade com os filhos

“Um dos meus maiores desafios após ser pai foi reprogramar meu foco. Nos primeiros dias após a licença paternidade, eu estava no trabalho com o pensamento em casa e acabava não me concentrando como deveria no trabalho. Hoje já estabeleci uma nova rotina. Aprendi que quanto mais foco eu tiver no trabalho, maior o tempo de qualidade que terei em família, pois não terei que levar trabalho para casa”, comenta Pedro. 

A mesma ideia é reforçada por Rafael. “A paternidade me trouxe ainda mais responsabilidade como profissional. Hoje me sinto mais focado, prezo por um trabalho bem feito, pois sei que tem alguém além de mim que depende dessa entrega”, ressalta.

Licença paternidade 

A licença paternidade ainda é uma das maiores diferenças em termos de legislação para homens e mulheres. Hoje a licença para pais é de cinco dias seguidos, sendo que no serviço público federal e em empresas que fazem parte do Programa Empresa Cidadã o período é ampliado para 20 dias corridos. 

Essa diferença diminui a possibilidade de equidade entre as partes, além de trazer uma série de desconfortos para o pai, como percebemos na fala de Pedro. “É bem complicado. Não dá tempo da ficha cair durante a licença. Além da preocupação com a bebê, tinha a questão da minha esposa, que tinha tido um cesária e ainda estava se recuperando”, afirma. 

Rafael também ressalta o mesmo ponto:  “Tinha o sentimento de que não era certo deixar minha esposa e meu filho para voltar ao trabalho após apenas 5 dias. Achei injusto deixar toda a responsabilidade para minha esposa, que também era mãe de primeira viagem“.

Pai, bebê e a construção de um vínculo

Sobre o vínculo entre pai e bebê, Rafael compartilha seu sentimento: “Sinto que é mais conquistado, não é tão simbiótico, sentia que tinha que provar que dava conta”, comenta. “Às vezes, parece que o pai é invisível aos olhos dos outros. A criança chora e a tendência natural das pessoas é entregar o bebê diretamente para a mãe, mesmo quando eu esteja ali ao lado”, comenta Pedro. “Se o bebê está no seu colo chorando por mais de dois minutos, as pessoas já falam para entregar para a mãe. Mas é importante que o pai insista, afinal ele também consegue dar conta”, completa. De fato, esse é um ponto de atenção para todos nós, como rede, para não reproduzimos padrões inconscientes que tirem a credibilidade dos pais.

Mudanças 

Para Pedro a maior mudança é o senso de responsabilidade. “Ligo todo dia no almoço, pergunto se ela comeu, é uma preocupação constante. A paternidade me deixa responsável no todo. Tenho que tomar cuidado com tudo ao meu redor, inclusive minha integridade física, pois sei que ela depende de mim”. 

Flávio reforça a mudança em seu propósito de vida: “Antes o foco era no eu, minha carreira, minhas vontades. Hoje é frequente eu deixar de fazer algo por mim, para fazer o Miguel feliz – e o mais engraçado – fazê-lo feliz é muito mais gratificante.”

Rede de apoio

Flávio ainda ressalta as mudanças que um filho provoca na vida social. “O Miguel sempre é a nossa prioridade. No entanto, às vezes é importante sairmos com amigos e em casal. Para isso, temos que contar com uma rede de apoio de confiança”, comenta. “Um ponto importante é pensar no casal, lembrarmos que somos além de pais, maridos e pessoas, e priorizar esses momentos”, ressalta Rafael. 

Fica a dica!

Flávio destaca a importância de prezar pelo tempo de qualidade. “Eu achava que estar perto dele era o suficiente. Por exemplo, optava em sair mais cedo para trabalhar de casa e estar junto do Miguel. Hoje, percebo que é melhor ficar mais tempo no trabalho e terminar tudo. Assim, quando estiver em casa, estarei presente. Ele sabe diferenciar quando estou com ele e quando estou apenas perto dele, mas concentrado em outra coisa. Mais vale 1 hora 100% presente, do que 3 horas com a cabeça em outras atividades”. 

E você? É pai e trabalha fora? Quais os maiores desafios que você enfrenta? Como sente que a paternidade impacta sua carreira, ou vice-versa?

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Nathalia Pontes

Mestre em Psicologia da Educação, educadora e escritora, acredita que aprender é uma combinação entre autoconhecimento, troca e curiosidade pelo novo. É apaixonada por educação, desenhos, viagens e literatura.

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