A primeira infância: a literatura como ato de brincar
O período dos 0 aos 6 anos é considerado como a primeira infância. Este é um período importantíssimo no desenvolvimento humano. Entre outros fatores, nessa época da vida acontecem processos fundamentais, como o crescimento físico, o amadurecimento do cérebro, o desenvolvimento da fala e da capacidade de aprendizado e a iniciação social e afetiva. Um dos avanços da neurociência foi, justamente, descobrir as potencialidades da primeira infância, reconhecendo sua importância para a sociedade como um todo. Uma vez que o desenvolvimento humano é resultado da combinação da genética com a qualidade das relações que desenvolvemos e do ambiente no qual estamos inseridos, podemos dizer que quando as condições para o desenvolvimento durante a primeira infância são boas, maiores são as probabilidades de os pequenos alcançarem seu melhor potencial, tornando-se adultos mais equilibrados, realizados e felizes.
A leitura para bebês
Os primeiros 3 anos de vida de uma pessoa são os mais importantes de sua vida, pois é neste período que acontece o início das conexões sinápticas que o influenciarão pelo resto da vida. Não é à toa que pesquisas descrevem o período dos primeiros 1000 dias (a contar desde a gestação até os quase três anos de vida da criança) como os mais importantes para o desenvolvimento, pois é neste período que o cérebro está mais ativo do que nunca, sendo moldado e absorvendo tudo o que é novo e acomodando o que já foi experienciado. Logo, não há dúvidas sobre o quanto ler para os bebês é importante!
Nesta fase da vida, o papel do mediador é essencial no momento da leitura compartilhada, é ele quem vai intermediar a relação entre os bebês e a linguagem! Souza (1994, p,110) nos diz que “A língua, como fato social, supõe para qualquer enunciado um direcionamento, quer dizer, o fato de orientar-se sempre para um outro. Sem isso um enunciado não pode existir. Ou seja, não há diálogo possível sem uma outra pessoa.”.
E, PARA INSERI-LOS NESTE UNIVERSO, NADA MELHOR DO QUE A LITERATURA!
Os benefícios da leitura para bebês
Ao mesmo tempo que a leitura entretém o bebê por meio da contação, das imagens e, algumas vezes, do formato do livro, ela também cria um ambiente rico em estímulos, o que colabora com o desenvolvimento do pequeno. Ouvir a voz cadenciada de quem conta a história infantil, se torna um ritual prazeroso tanto para o cuidador, quanto para bebê, fortalecendo o vínculo entre eles, trazendo calma e aconchego.
Como fazer?
Posições legais e confortáveis:
– Deite-se com seu bebê e coloque o livro sobre vocês;
– Sente-se e coloque-o em seu colo com o livro à frente;
– Com seu pequeno sentado, deixe que ele mesmo segure o livro infantil (quando já conseguir fazer isso) e ensine-o a virar as páginas;
– E quantas posições mais forem legais e confortáveis para vocês! Tente sempre manter uma proximidade com o olhar de seu bebê – vale lembrar que a visão deles, nos primeiros meses, ainda está em desenvolvimento, e o que apresenta longe de seu campo de visão não é visto com nitidez.
Faça diferentes entonações de voz de acordo com cada situação ou personagem.
Faça mímicas, gesticule… use o corpo todo para contar uma história! Contar histórias pode ser uma brincadeira muito divertida!
Quando forem ler, deixe que observe as imagens, aponte as ilustrações com o dedo, aponte os personagens e objetos, falando seus nomes, reproduzindo seus sons;
Abuse das cantigas populares: existem muitos livros de canções ilustradas que podem ser efetivos nesta faixa etária, devido ao grande interesse dos pequenos. Leia cantando, ou simplesmente cante o que souber, lembrando-se de repetir as mesmas cantigas, de forma que seu pequeno as memorize e absorva o conteúdo apresentado.
Utilize objetos, bonecos ou outros recursos e dê vida aos personagens, variando a maneira de contar aquela história…
Repetição é muito importante! Os pequenos nesta faixa etária precisam da repetição para absorver os conteúdos apresentados. A cada leitura, um novo elemento é compreendido e, por isso, a repetição é tão prazerosa.
Os bebês compreendem melhor os sons quando falamos devagar, portanto, ao ler, pronuncie as palavras lentamente.
Estabeleça uma rotina de leitura. Ler sempre nos mesmos momentos do dia (antes de dormir, por exemplo) pode contribuir para compreensão da rotina, melhora os vínculos entre vocês, além de criar e estabelecer o hábito e o prazer pela leitura!
Principais dúvidas na hora de ler para bebês
Quais os livros mais indicados para bebês?
Para crianças de até um ano de idade, os livros mais indicados são os com contrastes em preto e branco, pois prendem a atenção dos pequenos, já que sua visão ainda está em processo de desenvolvimento, até por volta dos oito meses de vida. Os livros-brinquedo – livro de pano, livro de banho, cartonado, com abas, livro com recursos sonoros, táteis e visuais – mediados por um adulto, são uma boa pedida, pois podem ser adotados como objetos de transição, podem estar presentes em momentos de brincadeiras, são resistentes à fase oral e duráveis ao manuseio. O psicanalista D. W. Winnicott (1975), observou que, por volta dos oito meses, os bebês experienciam uma sensação de onipotência que, em tese, pode ser encarada como a sensação que o bebê tem de acreditar que ele próprio criou um objeto, de modo que ele passa a se apegar a ele, criando uma ponte entre sua realidade interna e a realidade externa. Estes objetos podem ser fraldas, mantas, bonecas ou pelúcias. Eles também funcionam como um elo entre a realidade do bebê e a da mãe que, geralmente, começa a se distanciar gradualmente do cuidado integral.
Porém, não devemos nos prender somente a estes tipos de livro infantil, apresentando também livros em brochura e quaisquer outros que tivermos ao alcance que, apesar de não serem de materiais resistentes, também são leituras muito importantes. Quanto mais variados os gêneros e tipos de livros, mais rica a experiência literária dos bebês.
E quando o bebê não se interessa pelo livro ou fica muito agitado durante a leitura?
Por mais que o adulto esteja ansioso por fazer uma leitura para seu bebê, nem sempre ele vai estar disponível ou calmo o suficiente para ouvir a história toda atentamente. Isso é muito natural, pois nesta fase é difícil prender a atenção dos pequenos por muito tempo. Portanto, é importante sentir qual o movimento do bebê e respeitar seu tempo, sem deixar de oferecer o livro novamente mais adiante.
E se meu bebê rasgar o livro?
Quando se trata da relação entre bebês e livros, devemos esperar por amassados, rasgos ou outros danos. Isso é natural, já que os pequenos ainda não controlam sua força e ainda não aprenderam a manusear os livros. No entanto, o contato das crianças com a literatura deve sempre a prioridade. Portanto, se o livro rasgou, tente aproveitar a oportunidade para ensinar o pequeno sobre como manuseá-lo, cuidadosamente. Outro ponto importante é não descartar o livro danificado, afinal, ainda que uma página ou outra esteja rasgada ou amassada, ainda temos o restante todo da história para aproveitar!
Meu bebê entende o que leio/falo?
A compreensão dos bebês varia muito de acordo com a singularidade de cada um, assim como qualquer outro aspecto do desenvolvimento. Segundo a psicanalista Françoise Dolto, os bebês são capazes de nos compreender e mais, eles também nos respondem – cabe a nós perceber e promover esta comunicação, que pode ser mediada por palavras, mas que não se limita a elas, afinal, o corpo também fala. Isso significa que devemos sempre nos comunicar com eles, apostando em sua compreensão, desde o nascimento, ainda que não nos respondam como gostaríamos.
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