Apoio à maternidade também inclui mães apoiarem outras mães
Seu bebê está gerado, então se inicia a corrida desesperada atrás de se tornar uma mãe de sucesso, antes mesmo do seu filho nascer. No checklist constam amamentação em livre demanda, BLW e disciplina positiva. Eis que um passeio ao shopping se torna uma série de cases de insucesso maternal. Mães por toda a parte compartilham de telas e videogames portáteis para alimentarem seus filhos. Crianças caídas pelo chão batem seus braços, integrando a sinfonia de birras que ecoa pelos corredores. Você, do seu pedestal do conhecimento, afirma: quando meu pequeno nascer, eu não agirei assim! Como ela pode fazer isso com a educação do filho dela? É quase impossível evitar lançar aquele olhar de julgamento para a outra mãe.
Mas então, seu bebê nasce e você descobre que não existe receita, não existe fórmula ou conselho. E, por mais que você faça sua amamentação em livre demanda, por mais que seu filho coma sozinho alimentos inteiros e não coma papinha, por mais que ele nunca tenha se deparado com o brilho de uma tela, aquela mãe não é pior que você.
Mães, julguem menos e apoiem mais umas às outras
A maternidade nos pede coragem, força e entrega. Mas também nos recomenda uma rede de apoio, tempo para estudar, sensibilidade para observar e aprender com nossos filhos. Uma mãe, com todos esses requisitos, enfrenta inúmeras dificuldades para viver essa missão. Agora, pense comigo em uma mãe, que por um motivo ou outro, está vivendo um situação difícil, ou que não conta com nenhum tipo de apoio. Ou imagine apenas uma mãe cansada, exausta: o resultado disso são diferentes modos de ser mãe e eles não são melhores ou piores, apenas são diferentes.
Quando falamos de maternidades distintas não quer dizer que com tantos estudos disponíveis, não existam consensos de melhores formas de criar uma criança. Mas, antes de aconselharmos ou tentarmos indicar técnicas para algumas mães, iremos facilitar a vida delas.
Cada um sabe o privilégio e a dificuldade que enfrenta
Reconhecer privilégios e olhar para a singularidade do outro é o primeiro passo para não julgarmos outras mães. É difícil falar sobre comportamentos, ou melhor, julgar comportamentos bons ou ruins, sem conhecer de perto a realidade de uma mulher. Hoje, grande parte das vezes, as mulheres se dividem em múltiplas jornadas de trabalho, dentro ou fora de casa. Poucas vezes contam com um suporte coerente para dar conta de tanta coisa para fazer. E, mesmo quando podem ficar apenas em casa e cuidar dos seus filhos, pouco pode-se imaginar sobre o cansaço e a exaustão física e emocional que essas mulheres vivem diariamente.
Empatia é a palavra
Falta tempo, rede de apoio, preparo emocional. Não estamos dizemos que não existam pais que negligenciam responsabilidades, ou se isentam de compromissos com seus filhos. Estamos falando de um olhar de julgamento, que deve ser antecipado por uma mão solidária. A pressão social sobre a figura materna já é de um peso imenso, nossa presença é incômoda em diversos espaços. Trabalho, ambientes sociais, de lazer, somos sempre atravessadas por cobranças de como ser, de como criar nossos filhos. Precisamos formar uma rede e apoio e segurança umas com as outras. É dividindo espaços e compartilhando experiências que aprendemos o real sentido de apoiar. Não ganhamos nada quando nos conformamos com conselhos ou julgamentos levianos de que devíamos estar em casa cuidando do nosso filho de tal forma, ou quando nos reduzimos ao rótulo de “menos mãe”. Desenvolvemos nossa potência materna quando ocupamos espaços que nos pertencem e ficamos perto de quem realmente quer nos fornecer algo. Seja isso um conselho, uma experiência ou uma ajuda para que possamos exercer nossa maternidade de forma plena. Precisamos nos cuidar, ampararmos umas às outras. Só assim conquistaremos espaço para sermos ainda melhores! Agora, repita comigo: somos boas mães, cada uma dentro da sua possibilidade!
Leia mais: